terça-feira, 25 de junho de 2013

Fogueira de Xangô


Dia 3 de julho de 2013, às 20 horas.
Ilê Asé Ya Omi Ogunté - Rua Rosalina Cardoso da Fonseca, 220, Porto do Carro (Boca do Mato), Cabo Frio/RJ. 

A Lenda de Xangô – Afro-Brasileira

Orixá do trovão e da justiça, protetor dos juízes, advogados, burocratas. Usa roupa branca e vermelha, e coroa na cabeça, pois é rei.

Seu fio de contas se faz com essas cores. Dança com um machado duplo na mão (Oxé) e é dono de um instrumento musical usado só para ele: o Xerê, chocalho de latão. A Quarta-feira é seu dia e sua saudação é Kawó-Kabyesilé!
Lenda: certa vez, viu-se Xangô acompanhado de seus exércitos frente a frente com um inimigo que tinha ordens de seus superiores de não fazer prisioneiros, as ordens era aniquilar o exército de Xangô, e assim foi feito, aqueles que caiam prisioneiros eram barbaramente aniquilados, destroçados, mutilados e seus pedaços jogados ao pé da montanha onde Xangô estava.
Isso provocou a ira de Xangô que num movimento rápido, bate com o seu machado na pedra provocando faíscas que mais pareciam raios. E quanto mais batia mais os raios ganhavam forças e mais inimigos com eles abatia. Tantos foram os raios que todos os inimigos foram vencidos. Pela força do seu machado, mais uma vez Xangô saíra vencedor. Aos prisioneiros, os ministros de Xangô pediam os mesmo tratamento dado aos seus guerreiros, mutilação, atrocidades, destruição total. Com isso não concordou com Xangô.
- Não! O meu ódio não pode ultrapassar os limites da justiça, eram guerreiros cumprindo ordens, seus líderes é quem devem pagar!
E levantando novamente seu machado em direção ao céu, gerou uma série de raios, dirigindo-os todos, contra os líderes, destruindo-os completamente e em seguida libertou a todos os prisioneiros que fascinados pela maneira de agir de Xangô, passaram a segui-lo e fazer parte de seus exércitos.

Xangô, Rei de Oió

O obá Xangô


Reginaldo Prandi

Armando Vallado

Obá é palavra da língua iorubá que designa rei. Obá é também um dos epítetos do orixá Xangô (não confundir Obá, rei, soberano ( oba ),  com o orixá Obá ( Ò ), que é uma das esposas de Xangô). Segundo a mitologia, Xangô teria sido o quarto rei da cidade de Oió, que foi o mais poderoso dos impérios iorubás. Depois de sua morte, Xangô foi divinizado, como era comum acontecer com os grandes reis e heróis daquele tempo e lugar, e seu culto passou a ser o mais importante da sua cidade, a ponto de o rei de Oió, a partir daí, ser o seu primeiro sacerdote.
Não existem registros históricos da vida de Xangô na Terra, pois os povos africanos tradicionais não conheciam a escrita, mas o conhecimento do passado pode ser buscado nos mitos, transmitidos oralmente de geração a geração. Assim,  a mitologia nos conta a história de Xangô, que começa com o surgimento dos povos iorubás e sua primeira capital, Ilê-Ifé, fala da fundação de Oió e narra os momentos cruciais da vida de Xangô:
“Num tempo muito antigo, na África, houve um guerreiro chamado Odudua, que vinha de uma cidade do Leste, e que invadiu com seu exército a capital de um povo então chamado ifé. Quando Odudua se tornou seu governante, essa cidade foi chamada Ilê-Ifé. Odudua teve um filho chamado Acambi, e Acambi teve sete filhos, e seus filhos ou netos foram reis de cidades importantes. A primeira filha deu-lhe um neto que governou Egbá, a segunda foi mãe do Alaqueto, o rei de Queto, o terceiro filho foi coroado rei da cidade de Benim, o quarto foi Orungã, que veio a ser rei de Ifé, o quinto filho foi soberano de Xabes, o sexto, rei de Popôs, e o sétimo foi Oraniã, que foi rei da cidade Oió, mais tarde governada por Xangô.
“Esses príncipes governavam as cidades que mais tarde foram conhecidas como os reinos que formam a terra dos iorubás, e todos pagavam tributos e homenagens a Odudua. Quando Odudua morreu, os príncipes fizeram a partilha dos seus domínios, e Acambi ficou como regente do reino de Odudua até sua morte, embora nunca tenha sido coroado rei. Com a morte de Acambi, foi feito rei Oraniã, o mais jovem dos príncipes do império, que tinha se tornado um homem rico e poderoso. O obá Oraniã foi um grande conquistador e consolidou o poderio de sua cidade.
“Um dia Oraniã levou seus exércitos para combater um povo que habitava uma região a leste do império. Era uma guerra muito difícil, e o oráculo o aconselhou a ficar acampado com os seus guerreiros num determinado sítio por um certo tempo antes de continuar a guerra, pois ali ele haveria de muito prosperar. Assim foi feito e aquele acampamento a leste de Ifé tornou-se uma cidade poderosa. Essa próspera povoação foi chamada cidade de Oió e veio a ser a grande capital do império fundado por Odudua. O rei de Oió tinha por título Alafim, termo que quer dizer o Senhor do Palácio de Oió.
“Com a morte de Oraniã, seu filho Ajacá foi coroado terceiro Alafim de Oió. Ajacá, que tinha o apelido de Dadá, por ter nascido com o cabelo comprido e  encaracolado, era um homem pacato e sensível, com pouca habilidade para a guerra e nenhum tino para governar. Dadá-Ajacá tinha um irmão que fora criado na terra dos nupes, também chamados tapas, um povo vizinho dos iorubás. Era filho de Oraniã com a princesaIamassê, embora haja quem diga que a mãe dele foi Torossi, filha de Elempê, o rei dos nupes. Esse filho de Oraniã tinha o nome Xangô, e era o grande guerreiro que governava Cossô, pequena cidade localizada  nas cercanias da capital Oió.
“Xangô um dia destronou o irmão Ajacá-Dadá, e o exilou como rei de uma pequena e distante cidade, onde usava uma pequena coroa de búzios, chamada coroa de Baiani.
“Xangô foi assim coroado o quarto Alafim de Oió, o obá da capital de todas as grandes cidades iorubás.
“Xangô procurava a melhor forma de governar e de aumentar seu  prestígio junto ao seu povo. Conta-se que, para fortalecer seu poder, Xangô mandou trazer da terra dos baribas um composto mágico, que acabaria, contudo, sendo sua perdição. O rei Xangô, que depois seria conhecido pelo cognome de o Trovão, sempre procurava descobrir novas armas para com elas conquistar novos territórios. Quando não fazia a guerra, cuidava de seu povo. No palácio recebia a todos e julgava suas pendências, resolvendo disputas, fazendo justiça. Nunca se quietava. Pois um dia mandou sua esposa Iansã ir ao reino vizinho dos baribas e de lá trazer para ele a tal poção mágica, a respeito da qual ouvira contar maravilhas. Iansã foi e encontrou a mistura mágica, que tratou de transportar numa cabacinha.
“A viagem de volta era longa, e a curiosidade de Iansã sem medida. Num certo momento, ela provou da poção e achou o gosto ruim. Quando cuspiu o gole que tomara, entendeu o poder do poderoso líquido: Iansã cuspiu fogo!
“Xangô ficou entusiasmadíssimo com a nova descoberta. Se ele já era o mais poderoso dos homens, imaginem agora, que tinha a capacidade de botar fogo pela boca. Que inimigo resistiria? Que povo não se submeteria? Xangô então passou a testar diferentes maneiras de usar melhor a nova arte, que certamente exigia perícia e precisão.
“Num desses dias, o obá de Oió subiu a uma elevação, levando a cabacinha mágica, e lá do alto começou a lançar seus assombrosos jatos de fogo. Os disparos incandescentes atingiam a terra chamuscando árvores, incendiando pastagens, fulminando animais. O povo, amedrontado, chamou aquilo de raio. Da fornalha da boca de Xangô, o fogo que jorrava provocava as mais impressionantes explosões. De longe, o povo escutava os ruídos assustadores, que acompanhavam as labaredas expelidas por Xangô. Aquele barulho intenso, aquele estrondo fenomenal, que a todos atemorizava e fazia correr, o povo chamou de trovão.
“Mas, pobre Xangô, a sorte foi-lhe ingrata. Num daqueles exercícios com a nova arma, o obá errou a pontaria e incendiou seu próprio palácio. Do palácio, o fogo se propagou de telhado em telhado, queimando todas as casas da cidade. Em minutos, a orgulhosa cidade de Oió virou cinzas.
“Passado o incêndio, os conselheiros do reino se reuniram, e eviaram o ministro Gbaca, um dos mais valentes generais do reino, para destituir Xangô.
Gbaca chamou Xangô à luta e o venceu, humilhou Xangô e o expulsou da cidade. Para manter-se digno, Xangô foi obrigado a cometer suicídio. Era esse o costume antigo. Se uma desgraça se abatia sobre o reino, o rei era sempre considerado o culpado. Os ministros lhe tiravam a coroa e o obrigavam a tirar a própria vida.
“Cumprindo a sentença imposta pela tradição, Xangô se retirou para a  floresta e numa árvore se enforcou.
"Oba so!", "Oba so!"
"O rei se enforcou!", correu a notícia.
“Mas ninguém encontrou  seu corpo e e logo correu a notícia, alimentada com fervor pelos seus partidários,  que Xangô tinha sido transformado num orixá. O rei tinha ido para o Orum, o céu dos orixás. Por todas as partes do império os seguidores de Xangô proclamavam:
"Oba ko so!", que quer dizer "O rei não se enforcou!"
"Oba ko so!", "Oba ko so!".
“Desde então, quando troa o trovão e o relâmpago risca o céu, os sacerdotes de Xangô entoam: "O rei não se enforcou!" "Oba ko so! Obá Kossô!" "O rei não se enforcou".”
(Cf. Prandi, Mitologia dos orixás.)
 Assim narram os mitos, e a morte de Xangô nada mais é do que a afirmação dos antigos costumes africanos. Sua morte teria sido injusta e por isso o Orum o acolheu como imortal. A expressão “Obá Ko so” é evidentemente dúbia. Tanto pode significar “Rei da cidade de Cossô”, o que de fato Xangô também era, como “O rei não se enforcou”, frase que poderia ser também traduzida por “O Rei vive”, ou “Viva o Rei”, forma que é mais comum na nossa tradição ocidental. A versão verdadeira não importa: divinizado, transformado em orixá, o obá Xangô, o Alafim de Oió, alcançou a imortalidade, deixou de ser humano, virou deus. “ObáKossô”, “Viva o Rei” é a fórmula pela qual, até hoje, em todos os templos dos orixás, é glorificado o nome de Xangô, o rei de Oió, o orixá do trovão, senhor da justiça.
De todos os orixás que marcam a saga da cidade de Oió, nenhum foi mais reverenciado que Xangô, mesmo quando Oió passou a ser apenas um símbolo esfumaçado na memória dos atuais seguidores das religiões dos orixás espalhados nos mais distantes países da diáspora africana do lado de cá e do lado de lá do oceano. E há muitos elementos para estribar essa afirmação.

Fonte: Universidade de São Paulo (USP) - 

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Fogueira de Sango e Odu Eje de Henrique d'Sango Baru


CONVITE

O Ilê Asé Ya Omi Ogunté, na pessoa da Yalorixá Geralda de Iemanjá, convida a todos para o Odu Ejé de Henrique d' Xangô Baru, a realizar-se no dia 3 de julho de 2013, às 19h. Na mesma ocasião, será realizada a FOGUEIRA DE XANGÔ.

O Ilê Asé Ya Omi Ogunté fica na Rua Rosalina Cardoso da Fonseca, 220, Porto do Carro (Boca do Mato), Cabo Frio/RJ. Telefone: (22) 2648-5941.

Fique sabendo:::::"A cerimônia da fogueira de Xangô só acontece no Brasil, no mês de junho, que é dedicado a Xangô. Os sacerdotes trazidos da África, aqui escravizados, realizavam esta cerimônia em louvor a Xangô, pedindo-lhe justiça e proteção. Nos dias atuais, são poucos os terreiros que realizam esta cerimônia, por falta de fundamento por parte dos sacerdotes, ou por desinteresse".

Salve o Rei de Oyo

Oba kawòó o
Ó Rei, meus cumprimentos.
Oba kawòó o
Ó Rei, meus cumprimentos.
O, o, Kabíyèsílè
Sua majestade, o Rei mandou construir uma casa.
Oba ni kóléOba séré
O Rei do xere, o Rei prometeu e traz boa sorte,
Oba njéje
o dono do pilão.
Se´re aládóBongbose O ( wo ) bitiko
Bamboxé abidikô, meus cumprimentos ( ao )
Osé Kawòó
Oxé, sua majestade.
O, o, Kábíyèsilé
Meus cumprimentos
Ó Rei, meus cumprimentos.
Oba kawòó o
Ó Rei, meus cumprimentos.
O, o, Kabíyèsílè
Sua majestade, o Rei mandou construir uma casa.
Oba ni kóléOba séré
O Rei do xere, o Rei prometeu e traz boa sorte,
Oba njéje
o dono do pilão.
Se´re aládóBongbose O ( wo ) bitiko
Bamboxé abidikô, meus cumprimentos ( ao )
Osé Kawòó
Oxé, sua majestade.
O, o, Kábíyèsilé

Meus cumprimentos